sábado, 5 de junho de 2021

JOHNNY MAR

Belos dias aqueles em que Johnny Fire apanhava boleia na vasta praça com nome da terra vizinha e rumava, conduzido por um desconhecido, ao maior areal ininterrupto da Europa. Habitualmente tinha uma companheira certa para o efeito, a qual era responsável pela paragem do carro, em geral guiado por um solitário que se dirigia para o mesmo destino. Claro que entre estes condutores (onde se contavam por vezes mulheres) conheceu personagens incríveis, mas essas são outras histórias e virei cá contá-las noutro dia.
Entretanto, pensar que isto era feito com inteira segurança (de pessoas e bens), nos anos 80 do século passado, é surreal, pois parece mentira mas é verdade. Lisboa ainda era uma cidade onde toda a gente tinha alguém ou algo em comum com um qualquer desconhecido acabado de conhecer.
E, depois, chegar à praia, dar um mergulho, e ficar com o corpo molhado e salgado a secar ao sol, deitado, com ou sem toalha, na areia quente, sentindo, quase colado ao seu, o belo corpo da sua atlética amiga, revelava-se o supremo remate da sensual e pura aventura. Nestes dias sentia-se Johnny Mar.